sábado, 11 de outubro de 2014

11 outubro 1962: em tempo de Sínodo uma reflexão sobre o Concílio Vaticano II – o teólogo José Carlos Carvalho


2014-10-11 Rádio Vaticana


Neste sábado, 11 de outubro, comemoram-se os 52 anos do início dos trabalhos do Concílio Vaticano II. Em tempo de Sínodo sobre os desafios pastorais da família do qual está a decorrer no Vaticano a sua primeira etapa, pareceu-nos importante reler e refletir sobre o espírito desse momento fundamental de mudança na Igreja. Recordemos que, precisamente, o Sínodo dos Bispos foi uma das novidades propostas pelo Concílio Vaticano II.No âmbito da entrevista ao teólogo José Carlos Carvalho, professor da Universidade Católica Portuguesa, acerca das suas expectativas sobre o Sínodo sobre a família, este teólogo português refletiu também sobre a grande renovação que foi para a Igreja o Concílio Vaticano II:
“ O Concílio Vaticano II foi essa renovação e veio pôr nas prateleiras, felizmente, teologicamente a velha escolástica e criou um método. Mas, esse método está, permanentemente, em aplicação. Portanto, nós estamos, constantemente, a ser desafiados a ler em cada tempo os sinais do nosso tempo. Quer dizer que não há receitas pré-estabelecidas. Porque deixou de se considerar que eu tinha atrás de mim uma Palavra imutável, eterna, impassível, intocável que eu tinha de impor ao mundo. Não, a Igreja vive no mundo e traduz para cada tempo o Evangelho: este é o método. Isso obriga permanentemente a dialogar com o mundo e isto tem consequências pastorais. Quer dizer que a pastoral é uma coisa muito séria. Só pode ser pastor quem conhece o mundo, quem só sabe o Catecismo da Igreja católica não tem nada a dizer ao mundo. Esse era o problema da mediação no Antiga Testamento. Só é mediador quem está no meio entre a humanidade e Deus. Se só fala de Deus não tem nada a dizer e a trazer à humanidade. Se só conhece as dinâmicas socias não percebe nada da fé nem tem nada a rezar e a pedir a Deus. E há muita gente na Igreja que está num extremo ou só no outro.
A posição dos cristãos é esta posição intermédia, que é a posição de Cristo de cuja mediação nós somos participantes, todos, e só isso. Só há um mediador. Outra vez, só há um mediador. Quer dizer que Nossa Senhora não é mediadora e que a Igreja também não é mediadora. Só há um mediador que é Cristo de cuja mediação nós somos todos participantes. Portanto, é Ele que nos constitui como família e nós somos a família d’Ele. E nós estamos no meio, Ele coloca-nos no meio entre o mundo e Deus. É isso que disse o Concílio Vaticano II. O Concílio Vaticano II deu-nos este método de estar no meio, no meio do mundo e nós estamos no mundo mas não somos do mundo como diz S. João, que é o testamento de Jesus aos discípulos no capítulo da oração sacerdotal no capítulo 17. Portanto, essa renovação é uma renovação constante.” (RS)

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